segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Fernado Pessoa 29/11/1920

Ophelinha:

Agradeço a sua carta. Ella trouxe-me pena e allivio ao mesmo tempo. Pena, porque estas cousas fazem sempre pena; allivio, porque, na verdade, a unica solução é essa - o não prolongarmos mais uma situação que não tem já a justificação do amor, nem de uma parte nem de outra. Da minha, ao menos, fica uma estima profunda, uma amisade inalteravel. Não me nega a Ophelinha outro tanto, não é verdade?
Nem a Ophelinha, nem eu, temos culpa nisto. Só o Destino terá culpa, se o Destino fosse gente, a quem culpas se attribuissem.

O Tempo, que envelhece as faces e os cabellos, envelhece tambem, mas mais depressa ainda, as affeições violentas. A maioria da gente, porque é estupida, consegue não dar por isso, e julga que ainda ama porque contrahiu o habito de se sentir a amar. Se assim não fosse, naão havia gente feliz no mundo. As creaturas superiores, porém, são privadas da possibilidade d’essa illusão, porque nem podem crer que o amor dure, nem, quando o sentem acabado, se enganam tomando por elle a estima, ou a gratidão, que elle deixou.

Estas cousas fazem soffrer, mas o soffrimento passa. Se a vida, que é tudo, passa por fim, como não hão de passar o amor e a dor, e todas as mais cousas, que não são mais que partes da vida?
Na sua carta é injusta para commigo, mas comprehendo e desculpo; decerto a escreveu com irritação, talvez mesmo com magua, mas a maioria da gente - homens ou mulheres - escreveria, no seu caso, num tom ainda mais acerbo, e em termos ainda mais injustos. Mas a Ophelinha tem um feitio optimo, e mesmo a sua irritação não consegue ter maldade. Quando casar, se não tiver a felicidade que merece, por certo que não será sua a culpa.

Quanto a mim…

O amor passou. Mas conservo-lhe uma affeição inalteravel, e não esquecerei nunca - nunca, creia - nem a sua figurinha engraçada e os seus modos de pequeneina, nem a sua ternura, a sua dedicação, a sua indole amoravel. Pode ser que me engane, e que estas qualidades, que lhe attribúo, fossem uma illusão minha; mas nem creio que fossem, nem, a terem sido, seria desprimor para mim que lh’as attribuisse.

Não sei o que quer que lhe devolva - cartas ou que mais. Eu preferia não lhe devolver nada, e conservar as suas cartinhas como memoria viva de uma passado morto, como todos os passados; como alguma cousa de commovedor numa vida, como a minha, em que o progresso nos annos é par do progresso na infelicidade e na desillusão.

Peço que não faça como a gente vulgar, que é sempre reles; que não me volte a cara quando passe por si, nem tenha de mim uma recordação em que entre o rancor. Fiquemos, um perante o outro, como dois conhecidos desde a infancia, que se amaram um pouco quando meninos, e, embora na vida adulta sigam outras affeições e outros caminhos, conservam sempre, num escaninho da alma, a memoria profunda do seu amor antigo e inutil.

Que isto de “outras affeições” e de “outros caminhos” é consigo, Ophelinha, e não commigo. O meu destino pertence a outra Lei, de cuja existencia a Ophelinha nem sabe, e está subordinado cada vez mais á obediência a Mestres que não permittem nem perdoam.
Não é necessario que comprehenda isto. Basta que me conserve com carinho na sua lembrança, como eu, inalteravelmente, a conservarei na minha.

Fernando

obs.: sem palavras....Lindo!!!

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

O desafio do dia eh ACORDAR!

13 /02 / 08 , mais ou menos 7 hs.

o despertador toca...
mãe: Karla, acorda pra ir pra faculdade!
eu: ai que merda ja eh de manha!?


o despertador continua tocando...
mãe: Bora Karla...isso que da ficar ate tarde no computador...
eu: ai que merda!!!(mais irritada)


o despertador continua tocando...
mãe: eu vou ligar por seu pai e dizer pra ele que vc tah perdendo aula pra ficar dormindo...
eu: mãe... da pra falar mais alto????
mãe: oq??? deixe eu dormir mais um pouquinho???
eu: naaaaaaaaaao... eu disse: da pra falar mais alto????
mãe: mas eu não tow dizendo mesmo....ainda eh cheia de razão....


o despertador continua tocando...
Mãe: quer dizer que vc não vai pra faculdade não, neh???
eu: Não!
desligo o despertador.

eu penso: pq eu não desliguei essa merda antes?

Karla Brito

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Banco de Memorias Sentimentais - BMS


Ate agora não tinha sentido necessidade de escrever nesse blog, não queria fazer dele um diário do tipo "hoje comi arroz, feijão e carne" nem do tipo "Sou demais! minha vida eh super interessante!" apesar de acha a rotina fascinante e me achar uma pessoa super interessante...hehehehe
Na verdade não acho que alguém vai perder o tempo lendo meu blog, então me sinto muito mais a vontade de escrever sobre o que sinto e por QUEM sinto... porque na verdade isso vai servir não como um diário aberto, mas como um banco de dados das minhas memorias sentimentais....uau... gostei disso " BANCO DE MEMORIAS SENTIMENTAIS" acho que vou colocar o subtítulo do blog assim...
Espero que eu esteja certa enquanto a não frequência de leitores ao meu blog, caso contrario estarei como num "reality show" .

KarlaBrito