Ela acorda ainda com o resto de batom vermelho de ontem na
boca e desejando que por um milagre tenha lembrado de colocar um copo d’água do
lado da cama como de costume, mas não. Toma coragem pra levantar. Com os olhos
ainda fechados e vai pelo caminho já decorado, de tantas vezes repeti-lo nas
manhãs de domingo. Vai pegando nas paredes e ainda em desequilíbrio toma um
copo cheio, gelado e incrivelmente delicioso dessa bebida que seria o único
motivo que a faria andar essa maratona entre o seu quarto e a cozinha. Voltou
pro quarto ainda com os olhos fechados e com um copo extra de água, deitou e
não conseguiu dormir mais. Olhou o celular e ficou com preguiça de tantas fotos
de praias, piscinas, churrascos e da vida em si. O pior lugar do mundo era ali, segundo os outros, com seu resto de batom vermelho e um copo de água. Dormiu mais um pouco sem
perceber, acordou, dormiu de novo, acordou, tomou o copo extra de água, dormiu e acordou de vez. Olhou pela janela e já era pôr-do-sol, respirou fundo e deu um sorriso depois que
percebeu que toda a ressaca tinha passado e fez
um acordo com a sua própria promessa que ela fez de nunca mais beber, de ser válida só
para a cerveja.
Nenhum comentário:
Postar um comentário