sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Para ler ouvindo José Augusto

Eu não quero fazer esse papel, nem fazer parte desse elenco de cenas repetidas, com final provável e processo doloroso. Não quero ser aquela que te segura em uma crise que só você pode resolver, nem esquecer da ultima temporada, onde eu fui tratada com desleixo.
Nem em todos os meus pensamentos positivos eu consigo imaginar esse reencontro sem desconfiança, medo e dor. A mudança está em cada palavra e passo que nos damos, somos outras pessoas e nunca mais será o mesmo porque o que existia já foi transformado como tão desejado. Não sou apaixonada por aquela pessoa, porque aquela pessoa nem existe mais, ela foi velada com flores vermelhas e enterrada com todas as condolências. Eu não consigo imaginar o horror que seria estar com um fantasma que me assombrou por tanto tempo e agora, só agora, volta pra enlouquecer a viúva.
Não se trata, porém, de uma historia de orgulho, rancor e magoa. É mais sobre amor próprio, bom senso e prevenção médica.

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Mas não é.


Parece drama, mas só eu sei o que passei, só eu sei o que senti e foi forte, tão forte que me faz agradecer todos os dias por estar em paz de novo. Olhei nos meus olhos pela primeira vez, encarei os meus monstros e me deixei sentir tudo que precisava. Como São Jorge, em postura de uma guerra na qual eu mesma era a minha adversaria. Ouvi Maysa, Marisa Monte e Gal, não nego! E chorei muito pra que toda essa agua se fosse pra algum lugar fora de mim, lavando e levando toda a dor real que não se exorcizava. Todos os sintomas de um coração partido, todos muito clichés, o que me fez perceber o mundo é cheio de historias tristes assim e eu ficava ainda mais triste com isso, mais triste e mais triste.
Não acredito no amor e pronto, eu dizia. Em uma semana estava apaixonada. Talvez não. Deus me livre. Mas quem sabe... na inconstante vontade de ter qualquer vestígio do que eu tive. Me conformei que isso seria impossível e comecei a respirar um pouco mais tranquila.
Tudo foi um processo, sem troféus por ter evitado ligações, por não ter chorado naquele dia ou não ter perguntado como é que tá a vida, uma vitória pessoal por quando se vive um dia de cada vez muito lentamente. A lama do fundo do poço vinha até a minha canela e foi muito difícil escalar, agora que estou muito perto de sair completamente dele eu não quero me distrair com flores amarelas, se eu tenho um jardim colorido me esperando.